
Foto: Divulgação/Nike
Crônica: Vitória da Seleção sete estrelas
Por Helena Calil
Vou te transportar para um universo imaginário. Nessa dimensão, tem um armário de roupas, mas ele não é seu. É de uma pessoa que tem o dobro do seu tamanho. Um quadril mais estreito. E as vestimentas são produzidas apenas para ela. Daí você tem que jogar futebol com esse uniforme emprestado e desajeitado. E ser cobrado, como se estivesse vestindo algo do seu número, que te servisse.
Agora eu digo que de imaginário, esse universo não tem nada: é a realidade das jogadoras de futebol do país e era, até esta semana, a da seleção brasileira também. Elas agora têm camisa e shorts feitos para o corpo feminino. Lógico que está mais bonito, mas não é só isso. É funcional. É um amparo. É simbólico. É respeito. É o mínimo.
Só não concordo com as cinco estrelas que, no caso, representam os mundiais conquistados pela seleção masculina. Uma forma de mostrar unidade na CBF. Mas não são equiparáveis. A seleção feminina não tem mundial, mas tem SETE títulos de Copa América. Duas medalhas de prata em olimpíadas. E é capitaneada pela única atleta no planeta eleita 6 vezes a melhor do mundo. Isso numa história com pouco mais de 20 anos, contra uma tradição secular da seleção masculina. Viraram referência principalmente pelos esforços individuais e coletivos (porque sabemos dos milhões de problemas com o incentivo e a negligência no país). A diferença entre as condições das realidades de cada gênero é abissal.
Mais uma vez, aplaudo de pé: Guerreiras! E mereciam carregar um número de estrelas que simbolizasse essa luta.